02 fevereiro 2009

Agora desapareceu e tivemos que o semear

Cada vez mais me convenço que não sei nada de nada.
As certezas morreram há uns anos, e enterrei-as. Às vezes armam-se em estúpidas e tentam voltar, mas eu piso-as e prefiro vestir-me de dúvidas e não sofrer mais desilusões.

Há pessoas que passam na minha vida e conseguem deixar marcas, algumas quase invisíveis. O senhor Pereira que arranja sempre maneira de eu ficar com o dinheiro do que ía comprar à drogaria... o chico da padaria que passava a vida a enganar-me com os trocos... o Zé, que trabalhava na carris e só tinha 5 dedos numa mão... o Tó, que era um polícia em quem eu acreditava piamente porque todos os dias de manhã, estava à porta da esquadra e me dava os bons dias... O Eduardo que um dia me chamou parva...

São-nos próximas, sem serem. São amigos sem saberem.
Não os vemos, mas é suficiente saber que estão bem. Há uma frase que me ficou: «Vocês são mesmo parvas!» Depois de descobrir que os cabos estavam tão bem isolados que o aparelho do aquecimento nunca mais havia funcionar.

Não é qualquer pessoa que me chama parva. Assim.

Illustration by Mattias Adolfsson

1 comentário:

Anónimo disse...

Parvas nada. que aquele aquecimento foi para o outro mundo sem bilhete de retorno. aliás, estou sempre à espera que um dia o telefone toque e alguém nos queira mandar prender por danos irreversíveis.

Sempre cá. Sempre no coração, mana. E sem espaço para dúvidas.