21 junho 2007

O Sr. Pereira da drogaria

O Sr. Pereira era na mesma rua do aviário.

Dentro do «estabelecimento» tinha uma montra à altura dos meus olhos com repleta de maravilhas:chocolates embrulhados em pratas com cavalos de pau, sombrinhas de chocolate penduradas num aramezinho de latão... carros de lata com corda.... bonecas de pano limpas... lápis de cor em caixinhas de 12 da viarco... e tinha um papelinho colado no vidro no canto direito que dizia: «PAI, COMPRA!» – Acho que não resultava, porque raramente via homens dentro da drogaria...

O sr. Pereira, um homem de 50 anos com o cabelo todo branco, bigode e cara de avô novo, sempre vestido com uma bata branca imaculada tinha uma prioridade, as crianças.

Ali éramos tratados como reis e os primeiros a ser atendidos.
Eu, que lá ía frequentemente comprar água raz, resina, acetona ou álcool azul... adorava o Sr. Pereira... Depois de me dispensar um frasquinho com o produto que eu queria, fazia sempre uma pergunta:

– «Olha lá menina, qual é a capital do Brasil? São Paulo ou Rio de Janeiro?»
E eu dizia-lhe:
– «Essa já me fez no outro dia, Sr. Pereira, é Brasília!»
– «Como acertaste não pagas... leva lá as moedas e guarda no teu porquinho-mealheiro.

E lá ía eu toda contente gastar as moedas em palha.

Hoje quando lá passo, interrogo-me se ainda existirão Pereiras?

2 comentários:

Anónimo disse...

hum.... duvido...

Anónimo disse...

o meu sr. pereira chamava-se Sr. Zé Macaco (vá lá saber-se porquê) e era o dono da drogaria da minha rua. Pagar eu pagava sempre, mas ele mandava-me a mim ir à caixa, daquelas antigas que faziam tlim e eram todas artilhadas, carregar nos números, abrir a gaveta, meter o dinheiro e fazer o troco.
O que eu gostava de ir buscar benzovaque para tirar as nódoas nas gravatas do meu pai...